quarta-feira, março 09, 2005

Atrás dos demônios errados

Comecei meu curso de roteiro segunda. Mas na aula de história do cinema ontem vi que estou mesmo ficando velha. Tem gente de toda idade lá na escola, então, tem sempre aquela molecada que se inflama naquelas discussões intermináveis de como a Globo e a Veja concentram todo o mal do país. Ai, juro, não tenho mais paciência. Então fiquei estudando italiano mentalmente na classe enquanto os apocalípticos brigavam com os integrados (sempre tem um ou outro). Mas o melhor foi ouvir de um grupinho que estava indo para o metrô depois da aula o seguinte diálogo:
- A professora faz trabalhos para a Globo!, disse uma garota recém-saída do colégio.
- Para a Globo? Não acredito! Mas ela fala mal da Globo!, indignou-se o colega do curso de direção.
- Traidora! Eu não trabalho pra Globo nem se estiver passando fome...
E assim continuaram os dois em seu mundo de ilusão. Eu morri de rir, mas vou dizer alguma coisa? Eu, não. Primeiro porque não adianta nada, depois porque eles vão descobrir sozinhos logo, logo.
Outra coisa engraçada é ouvir o povo reclamando da Veja como se revista fosse um serviço público: “Que horror a matéria da Veja sobre o MST!” Fala sério: se você é a favor do MST vai ler a matéria da Veja pra quê??? Televisão é concessão do governo, tem obrigação de ser educativa (ha, ha, ha), mas revista? Eu tenho mil críticas à Veja, já fiquei irritada com a revista um milhão de vezes, mas a Veja tem lá seus 5 milhões de leitores que gostam dela do jeitinho que é, imagino eu, já que compram a revista. Se a pessoa não gosta, nada mais fácil, é só não comprar. E comprar a que gosta, porque nego não compra, a revista vai pro brejo e aí todo mundo reclama que só tem revista careta. Fazer o quê se só leitor careta compra revista?
Bom, de qualquer modo, alô Globo, eu trabalho aí, tá? E nem tô passando fome.